“Você tem perfil de liderança” — foram várias as vezes que esta frase foi direcionada a mim.
Desde o início da minha vida profissional, entre tropeços e mais tropeços, liderei equipes com os mais diversos tipos de atribuições. Já fui do cargo de Head de Direção de Arte até CEO e, atualmente, me encontro no desafio das operações de design. Ainda posso dizer que pouco sei sobre liderança.
Um início conturbado
Quando me vi na posição de CEO de uma modesta agência digital de Uberlândia, meu objetivo pareceu bastante claro: precisava de resultados e só assim a empresa ia decolar. Passei por uma transição difícil, onde deixava de ser diretora de arte e passava a ser aquela pessoa que todos os colegas de trabalho iam chamar de “chefe”. O espírito de liderança nada ia me ajudar ali e, de forma dolorosa, ia descobrir a necessidade de desenvolver várias das minhas competências comportamentais.
Eu estava muito acostumada a fazer as coisas do meu jeito que, muitas vezes, rendia bons frutos. Acreditei então que, se eu implantasse a minha forma de trabalho, tudo daria certo. Resultado: estresse, frustração e pouco rendimento. Criei um verdadeiro cenário de The Walking Dead dentro da agência, com funcionários desmotivados e pouco engajados. Foi só depois de escutar todos, um a um, que eu consegui derrotar o exército de zumbis e implantar uma gestão mais humanizada.
Nova liderança, novos aprendizados
No cVortex, quando a oportunidade da liderança bateu à porta, eu já tinha uma leve noção do que não deveria fazer, mas nem imaginava o tamanho do desafio. Apesar do time de design ser enxuto, é constantemente impactado pelas decisões de todos os outros departamentos, o que me força olhar não só para as operações de design, mas entender todo o contexto em que aqueles colaboradores estão inseridos.
Um dos grandes aprendizados que eu tive foi este: deve-se abandonar a visão unilateral sobre algo se você quiser tomar decisões mais assertivas. Essa percepção universal possibilita até mesmo a previsibilidade de certos acontecimentos e o preparo do time para isso.
Sempre escutei que como líder você está à frente do time e e hoje discordo completamente desta afirmação. Como líder você deve estar ao lado e, algumas das vezes, até atrás. O líder é um facilitador e preza pela saúde do time, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal. Daí torna-se inerente a habilidade de empatia.
Abandonei também a convicção de que o líder deve trazer resultados. Devemos abrir caminhos, garantindo uma cultura eficiente e muito bem absorvida para que o time os alcance. Eu passo 70% do meu tempo pensando “como podemos simplificar isso?” e “como vai ser a experiência do colaborador aqui?”. Os 30% restantes são focados no perfil de cada um: nas habilidades que valem a pena potencializar e aquelas que precisam ser desenvolvidas. Para isso, conhecer as pessoas como elas são e construir confiança é de extrema importância. Isso só é possível através de comunicação e transparência.
Uma das características que mais me agrada na cultura do time de design é a naturalidade em que as coisas são ditas: seja uma nova ideia, uma sugestão, um feedback, um desabafo ou até mesmo um pedido de ajuda. Este ambiente em que todos se sentem seguros, também é um reflexo da maturidade e, se quiser mantê-la, devo me preocupar, inclusive, com o tipo de profissional que vou contratar. Por diversas vezes recusei currículos excelentes por falta de fit cultural.
Já li diversos livros e artigos com fórmulas e fórmulas para uma boa liderança. Quisera eu que esta somatória fosse simples, mas estamos falando de pessoas – cada qual com as suas particularidades –, que torna impossível a existência de uma ciência exata.
Sugestão de uma líder em eterno aprendizado: reserve momentos para conhecer seus colaboradores não só no âmbito profissional. Conheça suas histórias, expectativas, dores e potenciais. Você vai se impressionar com o quanto a sua percepção muda e quantas oportunidades de otimização surgem ao seu redor. Foque na experiência deles, garanta um ambiente saudável e você vai ter colaboradores mais engajados. E acredite se quiser: o vínculo com um líder tende a ser muito mais forte que o vínculo com a empresa.
Que texto inspirador, Parabéns! É incrível ver o quanto você como líder, sempre com tanta transparência e humanidade. Fico feliz e grato por ter tido a oportunidade de fazer parte do seu time e aprender com você nessa jornada. Você realmente coloca em prática tudo o que escreve e cria ambientes onde as pessoas se sentem ouvidas, valorizadas e motivadas. Obrigado por tudo e por ser essa referência tão positiva! 🚀✨
Quase choro lendo isso kkkkkk Que saudades tenho de vocês! Vocês me ensinaram tanto! Eu sou eternamente grata por tudo ❤️